
A Reforma Tributária já está redefinindo a forma como as empresas brasileiras estruturam seus processos internos. Em um webinar realizado pela Homine Tecnologia, Jorge Campos, fundador do Portal SPED Brasil e um dos maiores especialistas em tributação do país, apresentou os 10 processos-chave mais críticos da nova legislação que exigem atenção imediata. Do Almoxarifado à TI, passando por áreas como Compras, Fiscal, Contábil e Financeira, ele mostrou como cada exigência se traduz em ajustes de sistemas, revisão de contratos, novas responsabilidades e a necessidade de investir em tecnologia e compliance.
A Reforma Tributária substitui PIS, COFINS, ICMS e ISS pelo modelo de IVA dual: a CBS, o IBS e o Imposto Seletivo (IS). Essa mudança não representa apenas uma atualização de regras, mas uma verdadeira transformação na forma como as empresas administram seus processos, ou, como ressaltou Jorge Campos, uma “transmigração”, dado o alcance e a profundidade das alterações. Compilamos abaixo os principais aprendizados, dicas e alertas compartilhados pelo especialista no evento.
No Almoxarifado, a revisão de cadastros de materiais (material de uso e/ou consumo e material auxiliar) torna-se indispensável, com a necessidade de especificações técnicas mais detalhadas para permitir a apropriação correta dos créditos de IBS e CBS. A partir de agora, o Fisco controlará diretamente a chamada conta gráfica, o que exige processos internos e descrições bem definidos para que ativos e insumos sejam registrados de forma precisa, garantindo o compliance na gestão de estoques.
Já em Compras, a atenção se volta para o perfil do fornecedor – posição na cadeia, perfil financeiro e risco tributário -, estabelecendo uma visão 360o dos provedores. Mais do que negociar preços, será necessário monitorar em tempo real a conformidade fiscal e a capacidade de recolhimento de tributos dos fornecedores, sob pena de perda de créditos. Jorge destacou que é preciso mudar o modelo de validação dos fornecedores e ser ainda mais criterioso nesse processo, adotando ferramentas para analisar e receber os dados financeiros dessas empresas, minimizando o risco tributário.
Na área de Recebimentos, a Reforma exige, segundo Jorge Campos, uma revisão completa da solução de inbound. Ele alertou que a maioria das empresas não utiliza motor de cálculo na entrada das notas fiscais, o que pode comprometer a conformidade. “Fale com o seu fornecedor e ofereça o motor de cálculo para ele também, porque assim a nota já vem pronta”, sugeriu. Além disso, a Manifestação do Destinatário ganha protagonismo como mecanismo de validação, exigindo investimentos em automação com robôs (RPA) e agentes inteligentes de IA – os chamados APA (Agentic Process Automation) – para lidar com o alto volume de documentos.
No departamento Fiscal, Jorge chamou a atenção para a atualização correta das regras e parametrizações dos sistemas diante do novo modelo de tributação, além da necessidade de ferramentas inteligentes para apoiar na gestão dos novos eventos fiscais criados para a apropriação de créditos, como nas operações de transferência de crédito presumido e manifestação sobre débito ou crédito. Ele ressaltou ainda o aumento da responsabilidade dos profissionais da área, que deixam de ter um papel predominantemente operacional para assumirem a função de gestores-reconciliadores ao assinarem uma apuração.
No Custeio, há uma mudança de paradigma: sai o imposto por dentro (gross up) e entra o imposto por fora, exigindo contratos baseados em preços líquidos. Isso força as empresas a renegociarem cláusulas comerciais e a revisarem constantemente sua estrutura de custos. Gastos antes não tributados, como o aluguel de equipamentos, passam a gerar IBS e CBS, impactando diretamente a formação de preços e margens.
A área Contábil enfrentará ajustes na escrituração contábil e fiscal e nos planos de contas, especialmente em empresas multinacionais que precisam conciliar informações de sistemas globais. Jorge explicou que os novos eventos fiscais terão reflexo direto nos registros contábeis e nos reports gerenciais, exigindo uma integração fina entre Fiscal e Contabilidade.
Em Vendas, a precificação precisa ser reavaliada diante da nova carga tributária. Simulações tributárias por produto, cliente e também por localização das fábricas tornam-se indispensáveis, com análises estratégicas sobre incentivos regionais. O especialista falou ainda sobre regras específicas para setores como Saúde, Educação, Agronegócio, Telecom e Construção, e sobre o Fundo de Compensação de Benefícios Fiscais criado pela Reforma para manter a competitividade em determinadas localidades.
O Faturamento terá de se adaptar ao novo layout dos documentos fiscais eletrônicos, que inclui campos obrigatórios a partir de outubro de 2025. Jorge destacou que os impactos na apropriação dos créditos pelo adquirente em operações com frete CIF, com pagamento em Split Payment, exigirão revisão de processos. Ele também recomendou a avaliação das soluções de mensageria, especialmente em empresas que utilizam sistemas desenvolvidos internamente que podem não suportar o volume e a complexidade das mudanças.
Para o Financeiro, o impacto é direto e imediato. O fim do gross up (imposto por dentro) reduzirá o volume de caixa disponível, alterando a dinâmica de liquidez das empresas. Se antes um faturamento de 100 milhões de reais, por exemplo, permitia movimentar integralmente esse valor, agora apenas o valor líquido de tributos estará disponível, exigindo a reavaliação de contratos e cláusulas de repasse tributário, além de novas estratégias de gestão de tesouraria. O Split Payment, por sua vez, trará desafios adicionais, com retenções na origem da receita e necessidade de controlar clientes optantes.
Por fim, a área de Information Technology, segundo Jorge Campos, será a orquestradora de toda essa transformação. Caberá à TI garantir a atualização dos ERPs e emissores de documentos, ajustar integrações com sistemas de gestão, viabilizar conexões com APIs da Receita Federal e do Comitê Gestor, coordenar testes obrigatórios e definir soluções complemetares. “Não dá mais para fazer as coisas na mão. É fundamental investir em automação e inteligência para a apuração, porque só assim será possível gerir com eficiência as áreas tributária, fiscal, contábil e todas as demais impactadas pela Reforma”, finalizou Campos.
Na Homine Tecnologia, nossos especialistas estão preparados para apoiar sua empresa nessa transição, com diagnósticos dos seus processos de negócio, adequações no ERP SAP e a implementação de soluções fiscais que asseguram compliance e reduzem riscos.
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O webinar “Por dentro dos 10 processos-chave mais transformadores da Reforma Tributária: como eles impactam cada área da sua empresa?” foi realizado pela Homine em julho de 2025. Assista à gravação completa do webinar clicando here: